Bypass Gástrico: passo-a-passo
01. O tratamento da Obesidade
02. Uso de medicamentos inibidores de apetite
03. Obesidade Mórbida
04. A quem indica-se a Cirurgia Bariátrica?
05. A participação do paciente no tratamento
06. Qual a Cirurgia Bariátrica mais realizada?
07. Cuidados pós cirurgia
08. Avaliação pré-operatória
09. A importância do emagrecimento antes da operação
10. O papel da nutricionista no tratamento
11. A importância do acompanhamento psicológico
12. O momento da Cirugia
13. Os primeiros dias pós cirurgia
14. A dieta líquida
15. De volta para casa
16. Os 7 primeiros meses – momento de maior emagrecimento
17. Posso engravidar ou fazer plástica no primeiro ano pós cirurgia?
18. Haverá necessidade de outra cirugia?
19. GLP1
20. 5 Proibições para portadores de Bypass Gástrico
21. 3 Obrigações para portadores de Bypass Gástrico
22. Há possibilidade de reengorda?
23. Mudança comportamental
24. Acompanhamento multidisciplinar sempre
1
O tratamento da Obesidade é sempre Clínico e baseado em Reeducação Global ou seja nutricional, física e psicológica. Auxiliada por exames de bioimpedância e calorimetria a nutricionista desenvolve uma dieta eficaz no emagrecimento desse paciente em questão. Essa dieta passa por adequação ao paladar e ao dia a dia desse paciente, pois essa reeducação deve ser prazerosa e viável para ser feita diariamente e para sempre. Da mesma forma é necessária atividade física agradável diária e regular. Psicoterapia às vezes auxilia para diminuir a ansiedade que pode causar a compulsão alimentar. Voltar ao Indice
2
Em alguns casos podemos usar medicamentos que simulem saciedade ou que diminuem a ansiedade. Esses medicamentos podem apresentar efeitos colaterais como arritmias cardíacas ou alterações neurológicas. As doses tóxicas são próximas das doses eficazes e por isso apenas um endocrinologista experiente deveria prescrevê-los. Voltar ao Indice
3
Alguns pacientes são resistentes a todo tratamento e não conseguem resultado. Esses pacientes continuam ganhando peso e acumulam comorbidades a cada ano que passa. Esses pacientes chegarão ao ponto que chamamos de Obesidade Mórbida, quando não adianta mais insistir no Tratamento Conservador. Conforme a resolução do NIH (National Institute of Health) em 1991 o único tratamento eficaz para pessoas com IMC>35 com comorbidade ou IMC>40 é a Cirurgia Bariátrica. Voltar ao Indice
4
A Cirurgia Bariátrica só deve ser realizada em pessoas maiores de 16 anos e com boa capacidade de compreensão. Os pacientes devem entender muito bem o processo de pré-operatório, intraoperatório e pós-operatório. Não devemos operar pessoas com dúvidas. Preferencialmente a família do paciente deve acompanhar o processo todo. Essa informação é fornecida pela Clinica Franco e Rizzi através desse site, da nossa Reunião Mensal para Pacientes, a qual ocorre conforme as datas em destaque nesse site. (Essa reunião também está disponível no Youtube) e também tiramos dúvidas no consultório a qualquer momento. Voltar ao Indice
5
A cirurgia fornece armas poderosas que ajudam muito o paciente a se reeducar pois terá grande diminuição da fome e terá saciedade precoce. Cabe ao paciente usar essas armas e querer mudar de vida. Também cabe ao paciente comparecer aos retornos programados pela Clínica (principalmente com a nutricionista) para toda a vida. Voltar ao Indice
6
A Cirurgia Bariátrica mais realizada no mundo é o Bypass Gástrico Videolaparoscópico onde o paciente tem grande diminuição do prazer de comer associado a saciedade precoce. Não apresenta vômitos, refluxo gastroesofageano ou diarreia. A perda de peso é ao redor de 40% do peso inicial e ocorre em prazo de 7 meses aproximadamente. Voltar ao Indice
7
A mortalidade é ao redor de 0,2% quando realizada por equipes especializadas e devida principalmente à fistula (soltura de grampo) ou embolia pulmonar. Para evitar a fistula o paciente deve alimentar-se apenas de líquidos por 30 dias na quantidade de 20 ml a cada 5 a 10 minutos, conforme orientação da equepe de nutrição. Esse primeiro mês não costuma ser complicado, pois o efeito anorético dos hormônios intestinais costumam ser eficazes, causando indiferença à comida. Para evitar a embolia usamos meia elástica e botas pneumáticas durante a cirurgia e incentivamos a deambulação precoce. Em alguns casos usamos medicação anticoagulante. Voltar ao Indice
8
Antes de operar o paciente é avaliado por um cardiologista e passa por vários exames clínicos alem de Endoscopia Digestiva Alta, Ultrassom de Abdome, Polissonografia, etc. Quando necessário, solicitamos avaliação do cirurgião vascular para orientar a prevenção de tromboses e embolia de pulmão. Voltar ao Indice
9
É importantíssimo emagrecer um pouco antes da cirurgia por dois motivos. Em primeiro lugar porque esse emagrecimento melhora muito as condições cardiorrespiratórias para obter uma cirurgia segura. Outro motivo é para diminuir a esteatose (gordura do fígado) facilitando muito a cirurgia por videolaparoscopia. Pode ocorrer que devido a esteatose intensa a cirurgia videolaparoscópica seja substituída pela cirurgia convencional ou até abortada.Voltar ao Indice
10
A nutricionista, além de promover o emagrecimento pré-operatório, também precisa ter certeza que todos os estoques de vitaminas, proteínas, sais minerais estão adequados para operar pacientes bem nutridos e sem anemia. Se for necessário adia-se a cirurgia até essa condição ser atingida. Voltar ao Indice
11
Também é importante o preparo psicológico pré-operatório no sentido de deixar claro que os benefícios do Bypass Gástrico são emagrecer para melhorar qualidade e quantidade de vida e não deve-se manter fantasias que com essa perda de peso surgirão outros benefícios como melhorar casamento infeliz, causar melhora estética etc.
A psicóloga também tem o papel de ter certeza que o paciente compreendeu bem todo o processo da Cirurgia Bariátrica e se necessário tirar dúvidas, pois só podemos operar pacientes treinados, ou seja, parceiros. A Cirurgia Bariátrica depende da cooperação de todos (paciente, endocrinologista, nutricionista, psicólogo, cirurgião, etc). Trata-se de uma verdadeira sociedade onde cada um tem o seu papel.
O paciente precisa estar pronto tecnicamente (conhecer a mudança que será feita em seu corpo) e psicologicamente (querer trocar a fonte de prazer).
Outra missão da psicóloga antes de operar é preparar o paciente para perder uma fonte de prazer que é a comida. O paciente deve estar preparado para “Trocar a Fonte de Prazer”. Quando toda a Equipe Multidisciplinar concordar que o paciente está preparado agendamos a cirurgia e entregamos para o paciente o Consentimento Informado o qual deve ser assinado por ele e um familiar. Este documento está disponível neste site. Voltar ao Indice
12
Internar na véspera ou pelo menos 2 horas antes da cirurgia com algum acompanhante que possa permanecer durante todo o período da internação. Esse acompanhante terá muitas funções incentivando a deambulação, etc. O anestesista irá ao quarto para ver exames. Em caso de possibilidade de gravidez, a paciente deve avisar o anestesista para eventual exame de gravidez pré-operatório. Não devemos operar grávidas em hipótese alguma.
A cirurgia começa 2 horas após a ida ao Centro Cirúrgico, tempo necessário para os preparativos gerais. A cirurgia dura entre 1 e 2 horas sendo que o maior fator de demora é a esteatose hepática. Os pacientes que perderam peso no pré-operatório costumam ter cirurgias de 1 hora. Se o fígado estiver pesado a cirurgia demora e as vezes deixamos um dreno, o qual permanece por 7 dias sendo retirado no consultório. Aproximadamente 5% dos pacientes usarão o dreno. Assim que a cirurgia termina, Dr Rizzi entra em contato com familiares e aviso que a cirurgia terminou. Nesse momento o paciente será encaminhado para a Recuperação Pós Anestésica onde permanecerá até que esteja totalmente lúcido. Esse tempo é muito variável e depende de cada paciente. Alguns atingem lucidez completa em 1 hora e outros em até 3 horas. Aguardamos o tempo da cada um. Voltar ao Indice
13
Quando lúcido o paciente será transportado ao seu quarto numa maca até sua cama. Assim que o maqueiro sair do quarto, é muito importante que a família, junto com equipe de enfermagem, retire o paciente da cama e deixe-o sentado na poltrona por exatos 30 minutos. Após esse período, estimular o paciente caminhar pelos corredores do Hospital respeitando o limite de cada um. Nesse momento deve-se levá-lo novamente à poltrona por mais 30 minutos. Após esse período nova caminhada e assim por diante. Quanto mais o paciente caminhar melhor ele se sentirá, e além disso, evita-se embolia de pulmão, pneumonia, distensão abdominal, etc. Andar é o grande remédio dessa cirurgia. Proibimos deitar na cama pelos primeiros dias. Em caso de muito sono após a meia noite deixamos dormir na poltrona por 2 horas ininterruptas, após esse período ele deve ser acordado e retomar as caminhadas. Nas primeiras 12 horas o paciente terá dor, náuseas sem vômitos e sono. Caminhando bastante o dia seguinte será praticamente normal (sem queixas). Voltar ao Indice
14
Mantemos o jejum absoluto e inclusive cuspindo saliva (se excessiva) numa toalha até a noite do dia seguinte a cirurgia. Na noite do dia seguinte iniciaremos a dieta liquida com 20 ml de água, chá, água de coco, Gatorade a cada 10 minutos no mínimo. Essa pausa de 10 minutos é fundamental para evitar a fistula. No dia seguinte provavelmente o paciente terá alta hospitalar. Dormirá no hospital 1 ou 2 noites.Voltar ao Indice
15
Chegando em casa deverá seguir as instruções alimentares as quais a nutricionista da Clinica FR já orientou desde antes da internação. O cumprimento dessas regras por 30 dias é fundamental para evitar a fistula.
O paciente deve ter muita atividade física assim que chegar em casa ou seja iniciar imediatamente academia, trabalhar, etc. Deve-se evitar dirigir automóvel ou motocicleta em caso de fraqueza ou sonolência. Por 60 dias, todos os remédios devem ser triturados (não engolir comprimidos para não prejudicar os grampos). Marcar retorno com o cirurgião ao redor do 7º dia da cirurgia. Em caso de qualquer anormalidade, telefonar para Dr Rizzi(9-9629-7662) Voltar ao Indice
16
Por 7 meses após a cirurgia é importante ter muita atividade física aeróbica para conseguir queimar a gordura acumulada. O ideal é fazer esteira, bicicleta, natação, etc.(ao redor de 2 a 3 horas diárias) Cuidado para não praticar atividades de impacto que possam causar danos ósseos ou musculares que impeçam a atividade física pelos 7 meses. Nesses 7 meses é muito importante não comer doces, pois o doce bloqueia o emagrecimento. Dessa forma conseguiremos cumprir nossa primeira meta (Perder ao redor de 40% do peso em 7 meses). É muito importante que o paciente seja operado numa fase da vida quando ele terá essa disponibilidade de tempo para realização dessa atividade física. Após 7 meses o paciente estará bem mais magro e provavelmente sem prazer em comer. Voltar ao Indice
17
Durante o primeiro ano após o Bypass é contraindicado: engravidar ou fazer cirurgias (plástica, varizes, odontológica,etc.). Trata-se de um ano de grande consumo corporal e não deve-se acrescentar riscos desnecessários. Voltar ao Indice
18
Existem algumas situações quando será necessária nova cirurgia. 1-Todo emagrecimento intenso e rápido pode causar formação de pedras na vesícula biliar (nas pessoas com antecedentes familiares dessa patologia) e quando diagnosticada deve indicar-se a Retirada da Vesícula Biliar (Colecistectomia também por Videolaparoscopia) 2- Toda cirurgia abdominal pode gerar a formação de aderências e às vezes pode ser necessário cirurgia para lise de bridas por videolaparoscopia. Voltar ao Indice
19
A exclusão gastroduodenal, ou seja o desvio que faz a comida não passar pelo duodeno, é muito importante pois induzirá a formação do hormônio que tira o prazer de comer (GLP1-PYY), mas existe um preço a pagar por essa exclusão duodenal. O preço é que a absorção de Ferro, Cálcio e Vitamina B12 podem ser prejudicadas. O Ferro e a Vitamina B12 são muito importantes na composição sanguínea, e por esse motivo, todo paciente com Bypass Gástrico tem uma predisposição à anemia. Dessa forma, o paciente precisa para toda a vida fazer os retornos que a equipe programar. Esses retornos serão importantes para pedir exames laboratoriais e ajustar a dose de vitaminas, proteínas, cálcio, ferro, etc, a serem tomados e assim evitarão anemia, desnutrição, osteoporose, etc. Os pacientes que fazem acompanhamento regular não tem problema algum. É como cuidar de um carro (trocar óleo, filtros, etc). Voltar ao Indice
20
Existem 5 proibições eternas para portadores de Bypass Gástrico : 1- Comer bagaços (aquele chiclete que sobra quando mastigamos laranja, mexerica, casca de uva, etc), pois esse chiclete pode entupir o intestino e necessitar nova cirurgia para desobstrução 2- Fumo, pois pode causar úlceras no estômago operado 3- Remédios anti-inflamatórios em qualquer apresentação (comprimido, gotas, injetável, etc), pois além de causar insuficiência renal, pode causar úlcera no estômago operado 4- Doces, pois causam a reengorda 5- Sangramentos (menstruação excessiva – hemorróidas – doação de sangue etc). Voltar ao Indice
21
Existem 3 obrigações eternas para portadores de Bypass Gástrico: 1- Atividade física regular 2- Comer carne vermelha e outras fontes de proteínas diariamente (ajuda a repor ferro e vitamina B12) 3- Comparecer aos retornos programados pela Clínica por toda a vida. Voltar ao Indice
22
Após o terceiro ano do Bypass Gástrico é normal uma reengorda de 10% do peso perdido. Por exemplo, uma pessoa de 150 kg ao perder 40% do peso cai para 90 Kg em 7 meses . Permanece com esse peso por 3 anos e a partir dessa época começa reganho gradual de até 6 kg passando a pesar 96 Kg para o resto da vida. Esse reganho de peso é normal e não consideramos um problema. Em 10% dos pacientes ocorre reengorda mais importante e muito nos preocupa essa situação. Geralmente o motivo dessa reengorda anormal é tripla: Pacientes sedentários que comem doces e abandonaram o seguimento na Clínica. O tratamento dessa reengorda é retomar o seguimento nutricional e psicológico alem de iniciar atividade física imediatamente. Frequentar nossa Reunião Mensal de Pacientes e os outros eventos que promovemos ajuda a prevenir a reengorda pois mantém vivo o respeito à Obesidade. Voltar ao Indice
23
A rápida perda de grande quantidade de peso pode gerar mudanças comportamentais do paciente. Pode, por exemplo, elevar a autoestima causando interesse exagerado em frequentar festas, ter novos relacionamentos, comprar roupas ou carros de valor elevado, etc.
Geralmente, esses exageros duram 1 ou 2 anos e sugerimos que a família tenha paciência e evitem reações intempestivas (divórcios, etc) nesse período. A psicóloga da Clínica também pode ajudar nesse momento. Voltar ao Indice
24
Como último conselho é muito importante que em qualquer situação o paciente volte a Clínica, pois temos toda a estrutura para apoiá-lo no que for necessário. É muito importante a proximidade do paciente a Equipe multidisciplinar para sempre. Voltar ao Indice